A diferença substancial entre o paganismo e os sistemas índios e cristista, repercute-se, manifesta-se como na metafísica e na ética, na estética também.
Um sistema religioso, como o cristista, em que tomam sobrado relevo os sentimentos íntimos de cada indivíduo em que o interesse do espírito se concentra em seus próprios movimentos, não devia ter outra acção estética - pelo menos fundamentalmente - que não fosse a da expressão dos sentimentos íntimos que não fosse a confissão da alma. O artista cristão busca, acima de tudo, exprimir o que sente. Nisto reside a substância da sua doutrina estética. Ela sofreu, é certo, em certos períodos, e mormente em o chamado Renascença, um correctivo pagão. Mas a pura estética cristista não é a estética pagã, cujo em breve veremos; é a estética da expressão, substancialmente.
Ricardo Reis; Prosa; ed. M. Parreira da Silva; página 92
This entry was posted
on quarta-feira, 17 de março de 2010
at quarta-feira, março 17, 2010
and is filed under
Literatura,
Religião
. You can follow any responses to this entry through the
comments feed
.