Religare

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"O Papa que vem a Portugal é o chefe de uma Igreja fragilizada pela 'crise da pedofilia'. Mas, da mesma maneira que não se pode culpar a Igreja no seu todo pelos crimes de alguns, também seria um erro limitar o pontificado de Bento XVI a este tema. Contrariamente ao seu predecessor, Bento VXI não é um homem de multidões, um Papa missionário que leva a palavra divina aos quatro cantos do mundo. É um homem da escrita, da reflexão, do isolamento necessário à meditação. Num mundo em que a imagem é rei, Bento XVI surge como um homem cada vez mais só. Mas não se trata apenas de estilo: Bento XVI, alemão e ocidental, é o homem do combate ao esvaziamento religioso, à indiferença, ao relativismo cultural e perda de referências. É um combate difícil, porque se situa no terreno movediço da fé e dos valores e que se desenrola numa parte do mundo - o Ocidente europeu - que perdeu a vontade de viver. O homem que vem a Portugal não é apenas mais um Chefe de Estado. É também o chefe de uma instituição milenária que estruturou o que é hoje o nosso modo de vida neste canto do planeta. Os que nele não vêem senão crimes esquecem que algumas coisas boas, como a liberdade, também estão na base deste mundo. E esquecem também que o homem que aqui vem representa mil milhões de pessoas por todo o mundo, alguns dos quais em Portugal. [...]"

Esther Mucznik, Vice-presidente da Comunidade Israelita de Lisboa
Revista Única, Expresso #1958, 8 de Maio de 2010, p. 37

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