Eu gostava do Dr. Margaride. Camarada do papá em Viana, muitas vezes lhe ouvira cantar, ao violão, a xácara do conde Ordonho. Tardes inteiras vaguara com ele poeticamente, pela beira da água, no Mosteiro, quando a mamã fazia raminhos silvestres à sombra dos amieiros. E mandou-me as amêndoas mal eu nasci, à noitinha, em Sexta-Feira da Paixão. Além disso, mesmo na minha presença, ele gabava francamente à titi o meu intelecto e a circunspecção dos meus modos.
- O nosso Teodorico, D. Patrocínio, é moço para deleitar uma tia... Vossa Excelência, minha rica senhora, tem aqui um Telémaco!
Eu corava, modesto.
Queirós, Eça de, A Relíquia, Colecção Mundo das Letras, Porto, Porto Editora, 2009, pp. 23, 24.
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on terça-feira, 27 de outubro de 2009
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Telemaquia: Prosa com Direito de Resposta
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