Diz um provérbio que é preciso agarrar a ocasião pelos cabelos, porque ela não voltará, se a deixarmos passar. Isso significa que devemos agarrá-la por onde e como se possa. Os gregos e os romanos, em suas fábulas, descreviam a deusa Ocasião ou Fortuna como uma mulher nua, cega e calva, com asas nos pés, um deles sobre uma roda (a roda da Fortuna) e outro no ar. É, portanto, dificílima de agarrar. O fabulista Fedro diz que a Ocasião é calva, mas tem um tope de cabelos na testa, por onde convém segurá-la, e se uma vez escapa, Non ipse possit Jupiter reprehendere. O poeta grego Posídipo escreveu um epigrama, em que há um diálogo com a fortuna: "- Por que tua cabeleira está na testa? - Para que me agarrem quando me encontrarem. - E por trás porque que Zeus te fez calva? - Para que aqueles que me deixarem passar com meus pés alados não possam mais me agarrar". O poeta francês Tristan L'Hermite rimou: L'occasion est chauve et prompte à s'éloigner;/ Aussitôt qu'elle s'offre, il la faut empoigner (A ocasião é calva e pronta a fugir;/ Assim que se oferece, deve-se agarrá-la).
R. Magalhães Júnior, Dicionário de provérbios, locuções e ditos curiosos..., Editora Documentário, Rio de Janeiro
This entry was posted
on quinta-feira, 8 de outubro de 2009
at quinta-feira, outubro 08, 2009
and is filed under
Língua Portuguesa,
Mundo Clássico
. You can follow any responses to this entry through the
comments feed
.