"Afinal, era tudo mentira: os Xutos gostam de Sócrates"

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por Mário Carneiro, no blog O estado da Educação e do resto, a 26 de Abril de 2009.
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Fiquei ontem a saber que, afinal, era tudo mentira: uma tal banda de nome Xutos & Pontapés, autora de uma música que, segundo me disseram, está muito em voga, de nome Sem Eira Nem Beira, e onde se fala constantemente num tal «senhor engenheiro» e em «enganar o povo que acreditou» e que «esta merda vai mudar» e expressões um pouco mais hard (fui ouvir a música e é verdade que diz isso e muito mais), nunca teve em mente criticar o engenheiro José Sócrates. Nunca. Declaram-no com todas as letras e com toda a falta de vergonha, na edição desta semana do Sol. Um dos membros dessa banda, de sua graça Zé Pedro, diz mesmo: «Não queremos ser embrulhados em coisas políticas» e «eu gosto muito do Sócrates».
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Portanto, aquela coisa, na letra da canção, de «senhor engenheiro» para a frente e «senhor engenheiro» para trás foi coincidência, não tem nada que ver com o engenheiro José Sócrates, primeiro-ministro do Governo de Portugal. A outra coisa que por lá se ouve de «enganar o povo que acreditou» não só não se relaciona minimamente com o engenheiro Sócrates como não tem nada que possa ser ligado com o embrulho da política. Finalmente, a parte que diz «esta merda vai mudar» também não tem qualquer relação com a tal política nem com o tal engenheiro, é mesmo tão só e apenas uma coisa escatológica.
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Quanto ao declarado gosto que manifestam por Sócrates, devemos ter presente que é, obviamente, uma apreciação pessoal ou estética ou afectiva ou de outra índole qualquer, mas não política.
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Isto levanta um problema, porque a única utilidade que aquela música poderia ter era mesmo ser uma crítica política, mas como, pelos vistos, não é, então, não tem serventia nenhuma. A música é péssima e a letra, ficamos agora a saber, é ininteligível. Serve então para quê? Para ouvir não é, certamente.
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Veio-me agora à memória um antigo programa da rádio. Esse programa tinha uma rubrica de crítica diária a toda a música xunga que fosse editada. O locutor, depois de passar à lupa a mediocridade da letra e da música da canção, encerrava a crítica sempre com a mesma frase: «Este disco é intocável, mas de certeza que não é inquebrável», e depois partia-o.
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Claro que foi uma mera coincidência ter-me lembrado disto, não tem nada que ver com o tal disco do grupo dos pontapés...

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1 comentários

A cantiga é uma arma?! Era.

28 de abril de 2009 às 08:33

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