4ª ronda do DR - o mote de F. F.

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2 comentários

Maçã  

Podemos aproveitar este poema como epitáfio à campa da FCSH, na qual hoje rezei?

31 de março de 2009 às 21:57
Cereja  

POEMA À BOCA FECHADA

Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei
Pois que a língua que falo é doutra raça.

Palavras consumidas se acumulam
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vasa de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em me não conhecem.

Nem só lodos a se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quanto me calei,
Não poderá morrer sem dizer tudo.

José Saramago

(Se isto fosse realmente lido, não nos doía a nós a cabeça.)
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Mas, minhas queridas amigas, partilho a vossa dor. Oremos.

31 de março de 2009 às 23:34

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