Morreu o escritor Alçada Baptista

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Morreu o escritor Alçada Baptista
07.12.2008 - 17h45 PÚBLICO

O escritor e jornalista António Alçada Baptista morreu hoje aos 81 anos.

António Alçada Baptista nasceu em 1927 na Covilhã. Licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, Alçada Baptista tem uma vasta obra literária publicada. Esteve também ligado ao jornalismo e à edição. Foi ainda cronista.

Identificado por muitos como “o escritor dos afectos” e um defensor da liberdade Alçada Baptista foi um dos fundadores da revista “O tempo e o Modo”, que marcou gerações. Era ainda editor da Moraes Editora.

Alçada Baptista foi condecorado com a Ordem de Santiago, com a Grã Cruz da Ordem Militar de Cristo pelo Presidente Ramalho Eanes e com a Grã Cruz da Ordem do Infante pelo Presidente Mário Soares.

Inês Pedrosa, directora da Casa Fernando Pessoa, lembrou, em declarações à TSF, o “homem de causas”: “Foi um homem de causas, dos direitos do homem e da democracia. Mas temo que seja esquecido enquanto escritor para ser lembrado enquanto pessoa”.

O corpo vai ser velado na Igreja das Mercês, em Lisboa, sendo amanhã levado para o Cemitério dos Prazeres.

Retirado d'aqui.

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1 comentários

"[...]
- Essa é uma das minhas dúvidas: um homem e uma mulher não podem viver na dialéctica e muito menos nesta pedagogia doméstica de se ensinarem como é que um quer o outro. O futuro não vai conhecer a dialéctica e o amor entre duas pessoas tem que ser o nosso ensaio de futuro, pelo menos aquele que nos é mais acessível. Amar é uma atitude de compreender e aceitar: é reconhecer os outros e respeitar a sua liberdade. Não pode ser outra coisa, se quisermos acabar com este espectáculo triste em que todos andamos metidos. Eu só aceito as catástrofes naturais: os tremores de terra, as inundações, as secas, os ciclones, a morte. Não posso aceitar esta destruição domiciliária dos sentimentos e da vida pela vontade deliberada dum homem e duma mulher que é o que se anda pr'aí a viver com o nome de amor...
Ela sorriu-se, a fazer-se de irónica:
- Até parece que não são as pessoas que fazem as guerras...
- Pois são, e com isso é que eu não me conformo. Se eu não consigo evitar as minhas guerras, com que autoridade é que fico para condenar as outras? Uma negra da Baía disse-me uma vez:«quando há mais de dez pessoas, gente vira natureza». Mas duas pessoas são ainda uma medida humana, ainda estão num espaço em que são responsáveis por aquilo que fazem e aquilo que querem. É absurdo que não sejam capazes de construir à sua volta uma pequeno espaço pacífico e harmonioso.
[...]"

António Alçada Baptista, O Riso de Deus

15 de dezembro de 2008 às 00:58

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