Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas
Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração
António Ramos Rosa, A Mão de Água e a Mão de Fogo
This entry was posted
on quarta-feira, 19 de novembro de 2008
at quarta-feira, novembro 19, 2008
and is filed under
Literatura
. You can follow any responses to this entry through the
comments feed
.